1 Comer na frente do paciente:
Esporadicamente, no caso de uma sessão extra pedida pelo paciente e marcada no horário de uma refeição, por exemplo, a atitude é aceitável,é melhor oferecer apoio ao cliente comendo do que negar esse apoio por falta de horário. Mas necessidades pessoais como essa deveriam acontecer em outro contexto.
2. Atender ao telefone:
Emergências acontecem. O terapeuta pode ter de atender um paciente internado ou com risco de suicídio, por exemplo.
Nesse caso, o mais aconselhável é avisar antecipadamente ao paciente que isso pode acontecer e ser breve. Se existir essa possibilidade, o terapeuta deveria dizer que, em caráter excepcional, pode ser necessário atender a uma ligação urgente. Mas isso deve ser raro, não pode se tornar um hábito.
Atender a ligações de outro tipo é desaconselhável.Imagine quando se interrompe um comunicado do paciente de intenso conteúdo emocional bem no meio. A compreensão, ao ser fragmentada, perde todo o sentido. O paciente se sente deixado em segundo plano. Como é que se conserta isso depois?
3. Tomar notas em excesso:
Quem interrompe para tomar notas perde o fio da meada. O pensamento é muito mais rápido do que a palavra escrita. E o paciente se sente perseguido.Anotações, quando ocorrem, podem ser feitas rapidamente por meio de palavras-chave, como lembretes para serem "recheados" com conteúdos nos intervalos entre sessões.
Quem trabalha frente a frente com alguém deve preservar o olhar e a atenção.
4.Atrasar-se para a sessão:
O terapeuta pode ter que ficar mais tempo com um paciente, o que acarretará atrasos nas sessões seguintes. Mas, de novo, isso não deve ser hábito. Quando o profissional estender a sessão desse cliente, ele saberá que os atrasos devem-se ao acolhimento para quem precisa, em contraposição à regra fria de que a sessão dura "X" minutos. Ele acredita que, quando a demora é grande, o terapeuta deve dar satisfação a quem aguarda.
O atraso é muito comprometedor. O analista deve sempre aguardar o paciente, para que ele tenha uma sensação de constância dentro da instabilidade afetiva que o traz ao tratamento. Como interpretar atrasos constantes de um paciente, que podem ter mil acepções, se o analista também se atrasa?
5.Ser pouco acessível:
Segundo os especialistas, deve haver um meio-termo em relação a esse item. Por um lado, não é recomendável que o cliente desenvolva uma extrema dependência do terapeuta. Um paciente carente pode querer estar ligado 24 horas ao analista, como se fosse um bebê em simbiose com a mãe.
Por outro lado, estar inteiramente fora do alcance, especialmente em situações graves, não é aconselhável. O terapeuta não pode ser impossível nem dar a impressão de disponibilidade total, como se fosse só do paciente -o que é um desejo frequente e compreensível.
Psicólogos devem colocar esses limites assim que começam a atender uma pessoa.
6.Olhar demais para o relógio:
O terapeuta precisa controlar o tempo. Mas olhar demais para o relógio pode dar a impressão de que ele tem pressa para terminar a consulta.
O terapeuta ganha uma noção de tempo automática. Mas ele não é máquina. Um recurso é ter um relógio num lugar discreto e consultá-lo sem caráter ostensivo. Já se isso ocorrer com um paciente específico, o terapeuta deve se perguntar o que está acontecendo na relação com ele.
7.Bocejar demais:
Bocejar não é o problema: como qualquer pessoa, o terapeuta pode estar cansado em um determinado dia. A questão é quando a atitude se torna um hábito, que costuma ser interpretado pelo paciente como falta de interesse.
Mas, se o terapeuta não encontrar explicação para o sono e ele ocorrer sempre com um paciente específico, esse fato pode se tornar uma informação importante na terapia.O cliente pode ter um padrão de comportamento que gera tédio também fora do consultório.Mas essa atitude de bocejar deve ser contida, pois a terapia requer foco e concentração.
Já dormir é tido como inadmissível.
8.Contato físico excessivo:
No Brasil, costuma ser aceito um maior contato físico ao cumprimentar alguém. Na nossa cultura, é normal dar um beijinho ou um ligeiro abraço. O terapeuta pode fazer isso com leveza e rapidez, sem tom erótico.
Mas deve haver limites. Por ser uma relação facilmente confundida com uma relação afetiva, um contato físico exacerbado pode atingir fragilidades dos clientes. Trata-se de um abuso da relação desigual que se instala no contrato terapêutico: o cliente tem problemas e o terapeuta tem soluções.
Muitas terapias psicológicas usam o contato físico no tratamento, mas não a psicanálise. Para essa corrente, o excessivo contato físico favorece a dependência emocional do paciente, dificultando seu crescimento.Vale lembrar que o contato sexual entre terapeuta e cliente não é adequado em nenhum caso.
9. Falar demais sobre si mesmo:
A sessão é do cliente, e não do terapeuta. No entanto, temos bagagem, história de vida e, em situações específicas, ela pode ser usada em benefício da terapia.
Mas, se o terapeuta sente falta de amigos, não deve buscá-los nos clientes. "O analista pode estar carente, pois é de carne e osso. Nesse caso, deve redobrar a atenção para não misturar sua vida à do paciente. Muitos gostariam de ser amigos do analista, mas isso desvirtua o foco da terapia.
A chave é ver se há propósito terapêutico.Qualquer fala sobre si mesmo que não tenha um propósito terapêutico é uma fala em demasia.
Se o paciente tem o terapeuta como modelo e segue seus conselhos cegamente ou o imita, expor a vida pessoal é ainda mais danoso.
10.Vestir-se inadequadamente:
Como qualquer pessoa, o terapeuta tem seu estilo e não precisa abrir mão dele no ambiente profissional.
De fato, há limites. Deixar à vista longas extensões de pele não é desejável: bermudas, camisas abertas, decotes pronunciados ou saias tão curtas que mostrem a roupa de baixo são absolutamente inapropriados.
O foco não deve ser o terapeuta, inclusive no quesito vestimenta.Não é necessário vir de batina, mas o oposto faz com que o foco de atenção se desvie do paciente para o analista. E é o paciente que veio mostrar seus conteúdos.
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