Pobreza é algo aparentemente fácil de se definir, pois partimos do conceito de pobreza financeira, aquele que não tem dinheiro para se manter, enfim...
Mas existe hoje um outro tipo de pobreza que cada vez mais cresce, que também pode ser definida como carência e solidão.
Com o crescimento da violência, o alto custo de alguns passeios, o transito caótico das cidades, muitas pessoas preferem ficar em casa, e navegar por um outro mundo cada vez mais conhecido que é a internet.
As mídias sociais por sua vez, criaram uma silenciosa e acirrada disputa entre as pessoas para mostrar quem aparenta ter uma vida mais fantástica.
Vemos nas redes pessoas postando fotos de comida, lugares, livros, animais, e uma infinidade de coisas, que antes eram vividas no privado.
Somos todos artistas com uma vida para "inglês ver", ou seja, uma vida de mentirinha.
Isso reflete traços emocionais e psicológicos profundos em cada um de nós, interferindo na nossa auto imagem, auto estima e também na forma como nos relacionamos.
Quando compartilhamos uma foto, um pensamento, um link, apresentamos fragmentos daquilo que desejamos que nos defina.
Hoje quem é introvertido que não gosta de se expor, que deseja, como nós há algum tempo atrás, proteger sua privacidade. É visto como uma pessoa doente, que não se adequa mais ao mundo.
Receber um comentário em um post, como também ser aceito em grupos virtuais estimula a auto estima e alivia a solidão momentaneamente, pois sempre queremos mais.
Consequentemente cria-se uma enorme angustia e ansiedade por likes e feedbacks.
Não é só narcisismo, como pensam alguns, é a carência e a necessidade de pertencimento.
A quantidade torna-se melhor que a qualidade, então os posts se multiplicam em segundos.
A adoração da imagem individual, não é só narcisismo ou necessidade de um momento, é existir para o mundo, "selfie, logo existo", essa frase se popularizou nas redes e é pura verdade, a palavra, selfie, aumentou sua popularidade em 17.000% em 2012 .
Recentemente em um acidente de caminhão, deixaram de socorrer a vítima para tirarem fotos do acidente em si, e isso acontece cada vez mais, com uma frequência enorme.
Em velórios de pessoas conhecidas acontece o mesmo, muitos param perto do caixão e tiram selfies, seria cômico se não fosse trágico.
As pessoas não querem interagir de verdade, o bom dia ao vizinho se tornou raro, a alegria real virou ficção.
O que de fato essas pessoas se habituaram é viverem em um conto de fadas, para garantirem suas migalhas diárias de "likes".
Como não constatar que vivemos na sociedade do espetáculo?
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