A ansiedade é uma reação normal do ser humano diante de situações que podem provocar medo, dúvida ou expectativa.
No entanto, quando esse sentimento persiste por longos períodos de tempo e passa a interferir nas atividades do dia a dia, a ansiedade deixa de ser natural e passa a ser motivo de preocupação.
O transtorno da ansiedade generalizada é uma doença comum.
Tal como acontece com muitas condições de saúde mental, não se sabe ao certo o que causa esse distúrbio.
Acredita-se, porém, que o transtorno da ansiedade generalizada esteja diretamente relacionado a alguns neurotransmissores que ocorrem naturalmente em nosso cérebro, a exemplo da serotonina, dopamina e norepinefrina. Outra crença é a de que um conjunto de fatores possam estar envolvidos nas razões pelas quais um indivíduo possa vir a apresentar a doença, entre eles genética e fatores externos, como o estresse do dia a dia e a qualidade de vida da pessoa.
Algumas condições físicas também podem ser associadas à ansiedade. Os exemplos incluem:
- Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE)
- Doenças cardíacas
- Hipotireoidismo e hipertireoidismo
- Menopausa
Gênero:
Mais do que o dobro do número de casos de transtorno de ansiedade generalizada ocorre em mulheres. Acredita-se que uma combinação de fatores, como mudanças hormonais e maior exposição ao estresse, possam agravar esse quadro.
Trauma na infância:
As crianças que sofreram abuso ou algum tipo de trauma, ou que até mesmo testemunharam eventos traumáticos, estão em maior risco de desenvolver transtorno de ansiedade generalizada em algum momento da vida.
Doenças concomitantes:
Ter uma condição crônica de saúde ou doença grave, como o câncer, pode levar à constante preocupação com o futuro, ao tratamento e questões financeiras. Estresse do dia a dia pode desencadear no transtorno também.
Personalidade:
As pessoas com alguns tipos de personalidade são mais propensas a transtornos de ansiedade do que outras. Além disso, alguns transtornos de personalidade, como o Borderline, também podem estar ligados ao TAG.
Genética:
O transtorno de ansiedade generalizada também pode estar no sangue. Mais de uma pessoa da mesma família pode apresentar esse distúrbio.
Abuso de substâncias:
Uso excessivo de drogas ou álcool pode piorar e até levar ao transtorno de ansiedade generalizada. A cafeína e a nicotina, presente no cigarro, também podem aumentar a ansiedade e conduzir o indivíduo à doença.
- Sintomas:
O principal sintoma do transtorno de ansiedade generalizada é a presença quase permanente de preocupação ou tensão, mesmo quando há poucos motivos ou quando não existe um motivo algum para isso. As preocupações parecem passar de um problema para outro, como questões familiares, amorosas, relacionadas ao trabalho, à saúde ou de várias outras origens.
Mesmo quando as pessoas com esse transtorno têm consciência de que suas preocupações ou medos são mais fortes do que o necessário, elas ainda têm dificuldade para controlar essas reações.
Outros sintomas incluem:
- Dificuldade de concentração
- Fadiga
- Irritabilidade
- Problemas para adormecer ou para permanecer dormindo e um sono que raramente é revigorante e satisfatório
- Inquietação, geralmente ficando assustado com muita facilidade.
Além das preocupações e ansiedades, diversos sintomas físicos também podem se manifestar, incluindo tensão muscular (tremedeira,dores de cabeça) e problemas de estômago, como náusea ou diarreia.
Sentir ansiedade é normal, mas quando ela passa a ser persistente e fora de seu controle, é bom marcar uma consulta médica. Principalmente quando:
- Há preocupação excessiva, a ponto de interferir no trabalho, relacionamentos em outras partes de sua vida
- Há sintomas de depressão, de alcoolismo ou dependência química a drogas
- Há pensamentos ou comportamentos suicidas.
Por isso, tratamento e suporte médicos são imprescindíveis. Procurar ajuda médica antes da ansiedade se tornar um problema ainda maior também é crucial para evitar complicações.
Entre as especialidades que podem diagnosticar o transtorno da ansiedade generalizada estão:
- Clínica médica
- Psiquiatria
- Neurologia
Estar preparado para a consulta pode facilitar o diagnóstico e otimizar o tempo. Dessa forma, você já pode chegar à consulta com algumas informações:
- Uma lista com todos os sintomas e há quanto tempo eles apareceram
- Histórico médico, incluindo outras condições que o paciente tenha e medicamentos ou suplementos que ele tome com regularidade
O médico provavelmente fará uma série de perguntas, tais como:
- Quando os sintomas começaram?
- Como é sua rotina? Qual a carga de estresse que você costuma enfrentar no seu dia a dia?
- Você sente-se constantemente cansado, irritado e com dificuldade para se concentrar em tarefas do dia a dia?
- Você tem tido pensamentos ou comportamentos associados ao suicídio?
- Você tomou alguma medida para aliviar os sintomas? E funcionou?
- Com que frequência você se sente ansioso?
- Você sente que a ansiedade está afetando sua qualidade de vida?
Um médico especialista em saúde mental, preferencialmente um psiquiatra, vai tomar uma série de medidas para ajudar a analisar se seu caso é mesmo de transtorno de ansiedade generalizada ou se sua ansiedade tem outra origem. Ele pode começar o processo de diagnóstico fazendo perguntas detalhadas sobre seus sintomas e histórico médico, bem como sobre o histórico familiar para doenças mentais também. Em alguns casos, eles usam questionários psicológicos padronizados que ajudam a identificar o que está acontecendo com o paciente. O médico também pode fazer um exame físico para procurar sinais de que sua ansiedade pode estar ligada a uma condição médica subjacente, especialmente se ela for física, como rigidez muscular, entre outras possíveis razões.
Para ser diagnosticado com transtorno de ansiedade generalizada, você deve atender a alguns critérios enunciados no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM).
Este manual é publicado pela Associação Psiquiátrica Americana e é usado por profissionais de saúde mental para diagnosticar as condições mentais e por companhias de seguros para reembolsar para o tratamento.
Os seguintes critérios devem ser atendidos para o diagnóstico de transtorno de ansiedade generalizada:
- Ansiedade e preocupação excessivas sobre diversos eventos ou atividades na maioria dos dias da semana, por pelo menos seis meses
- Dificuldade em controlar os seus sentimentos de preocupação
- Ansiedade ou preocupação que possa causar sofrimento significativo ou interfere com na rotina
- Ansiedade que não está relacionada a uma outra condição de saúde mental, tais como ataques de pânico, abuso de substância ou transtorno de estresse pós-traumático (PTSD)
- Pelo menos três dos seguintes sintomas em adultos e uma das seguintes opções em crianças: inquietação, fadiga, dificuldade de concentração, irritabilidade, tensão muscular ou problemas de sono.
O transtorno de ansiedade generalizada geralmente ocorre junto com outros problemas de saúde mental também, que podem precisar de um diagnóstico e tratamento mais específicos.
Alguns distúrbios que geralmente ocorrem com transtorno de ansiedade generalizada incluem:
- Fobias
- Síndrome do Panico
- Depressão
- Abuso de substâncias
- Transtorno de Estresse Pós- Traumático.
Se o médico suspeitar que a ansiedade possa ser causada por outro motivo que não seja por TAG, ele ou ela poderá pedir exames de sangue, exames de urina ou outros testes para procurar sinais de um problema físico.
O objetivo do tratamento é ajudar o paciente a agir normalmente na vida cotidiana, limitando suas preocupações.
Uma combinação de medicamentos e terapia cognitivo-comportamental (TCC) funciona melhor que uma técnica ou outra isoladamente.
Os medicamentos são uma parte fundamental do tratamento. Depois de começar a tomá-los, não interrompa o tratamento sem conversar com seu médico. Medicamentos que podem ser usados são inibidores de recaptação de serotonina e norepinefrina, alguns antidepressivos e antiepilépticos, entre outras opções.
A terapia cognitivo-comportamental ajuda a compreender os comportamentos e como conseguir controlá-los. Durante a terapia, e também em casa, o paciente aprenderá a:
- Compreender e aprender a controlar as visões distorcidas das supostas fontes de estresse da vida, como o comportamento de outras pessoas ou eventos importantes
- Reconhecer e substituir os pensamentos que causam pânico, diminuindo o sentimento de impotência
- Gerenciar o estresse e relaxar quando os sintomas ocorrerem
- Evitar pensar que as pequenas preocupações se transformarão em problemas muito graves
- Evitar cafeína, drogas ilícitas e até mesmo alguns remédios para gripe também pode ajudar a minimizar os sintomas
- Um estilo de vida saudável que inclua exercícios, descanso suficiente e boa alimentação pode ajudar a diminuir o impacto da ansiedade.
Siga sempre à risca as orientações do seu médico e nunca se automedique.
Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Transtorno de ansiedade generalizada não faz apenas com que o indivíduo sinta-se persistentemente ansioso e preocupado.
A doença também pode levar a outras condições de saúde física e mental, incluindo:
- Depressão
- Abuso de substâncias, como drogas ilícitas e álcool
- Problemas para dormir (insonia)
- Problemas digestivos ou intestinais
- Dores de cabeça
- Ranger os dentes (bruxismo)
- Transtornos por uso de substância
O TAG pode persistir e ser difícil de tratar, entretanto, a maioria dos pacientes melhora com uma combinação de medicamentos e terapia comportamental.
Não há formas comprovadamente efetivas para prevenir o transtorno de ansiedade generalizada.
Evite fazer uso excessivo de álcool, cigarro, cafeína e corte drogas ilícitas definitivamente.
Referência: DSM-V, American Psychiatric Association - Manual de Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais 5ªed. Edit. Artes Médicas
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