Um grande espectro de fatores – nosso mapa genético, química cerebral, aspectos do nosso estilo de vida, além dos acontecimentos que nos acometeram no passado e nossas relações com as outras pessoas – participam como causadores do transtorno mental, levando ao sofrimento, desesperança e incapacidade de levar sua vida na sua plenitude.
A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP),tem se preocupado e lutado muito contra os preconceitos e estigmas ainda existentes que impedem o tratamento precoce.
Os transtornos mentais são democráticos. Mesmo nas cidades mais distantes e isoladas do mundo, com natureza, paz e tranqüilidade, eles podem começar cedo, na infância.
Por isso, uma ampla campanha de orientação, educação, informação e reconhecimento deve ser instituída à sociedade, orientando, principalmente, pais e professores.
Na fase reprodutiva, as mulheres são duas vezes mais acometidas de depressão que os homens. Em relação aos transtornos de ansiedade, a proporção é de 2-3 mulheres acometidas por homem afetado.
A partir dos 15 anos, em média, começam alguns desequilíbrios emocionais, embora, hoje, muitas crianças pequenas já apresentam os sinais e sintomas iniciais.
Os sintomas podem ser variados, incluindo uma ansiedade persistente sem motivos aparentes, dificuldade de aprendizado, desatenção, irritabilidade, choro, tristeza, desinteresse, agitação, medos intensos de escuro, altura e espaços amplos e abertos (fobias) e quadros de depressão ou psicose.
Caso não haja o diagnóstico precoce, pode haver evolução para uso de álcool e drogas ou para um tipo grave de depressão. As mães devem ficar atentas.
A etapa inicial do maior estudo da área, o World Mental Health Survey (Levantamento Mundial sobre Saúde Mental) conduzido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), ilumina um caminho de possibilidade de contenção de qualquer distúrbio emocional durante a infância, evitando o surgimento de quadros psíquicos graves, durante o período escolar.
Há um braço de tal estudo no Brasil, porém, os dados ainda são incipientes e, portanto, insatisfatórios.
A magnitude da importância de tal conhecimento é incalculável. Em 14 países avaliados, entre 4,3% a 26% da população apresenta algum transtorno psiquiátrico, o que é um dado alarmante pelos inúmeros prejuízos psicossociais gerados.
Todos falam dos prejuízos sociais, familiares e individuais, porém, se esquecem do impacto econômico, devido à incapacitação gerada pelas doenças mentais. Transtornos mentais graves geram 200 dias de faltas ao trabalho.
Os nossos políticos precisam, portanto, tratar com mais atenção, sensibilidade, respeito e eficácia a saúde mental do Brasil, priorizando a intervenção primária logo na infância.
O mundo todo precisa se mobilizar para uma efetiva melhora do panorama de saúde mental.
Em alguns locais os transtornos mentais são subdiagnosticados, tratados de forma inadequada e negligenciados pelas políticas públicas de saúde. É triste, pois sabemos que o controle é perfeitamente possível nos estágios iniciais. Toda a sociedade sairá vencedora.
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