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sábado, 31 de outubro de 2009
Não faça do sofrimento, um vício
Em que momento podemos perceber que a tristeza pela perda “passa dos limites”?
Sofrer é uma realidade que diz respeito a todos nós. A tristeza por uma perda é algo inevitável na vida das pessoas. Perdemos amigos, parentes, e tantas outras coisas que podemos lembrar e enumerar nas nossas vidas. No entanto, apesar do sofrimento fazer parte da condição humana, é preciso ficar atento para o sofrimento evitável, que não necessitaria fazer parte da vida cotidiana. A tristeza ou o sofrimento que “passou dos limites” pode ser evidenciado quando o mesmo causa isolamento social, depressão, pensamentos obsessivo-compulsivos e ansiedade disfuncional (gasta-se muita energia para pouco ou nenhum resultado).
Sofrer em demasia pode estar camuflado em alguns quadros psicodinâmicos. É importante perceber quando isso acontece para poder encaminhar a pessoa a um especialista / psiquiatra para uma avaliação e receber tratamento medicamentoso se for o caso. Do ponto de vista daqueles viciados em sofrimento, podemos dizer que o adulto que sofre de hoje foi uma criança que se sentiu pouco amada, reprimiu seu desejo de ser cuidada e perpetuou sentimentos de vergonha, inferioridade e inadequação, estruturando uma forma sofrida de viver.
Hoje vivemos no que chamamos de mundo contemporâneo ou sociedade pós-moderna, que pode ser definida basicamente pelo cientificismo, abandono do ideal de reflexão/contemplação e exaltação do mercado e busca da felicidade individual. Somos influenciados pela ideologia capitalista do consumo e do acúmulo, tanto de bens materiais quanto de informações e novidades tecnológicas: o homem de hoje esta cada vez mais ansioso e desconectado do universo. A competitividade e o materialismo exacerbados, a perda da tradição e a velocidade acelerada em que vivemos conduziram ao individualismo e ao hedonismo. Neste contexto, predominam a insegurança, a sensação de vazio e a falta de sentido na vida.
A melhor opção é procurar auxílio especializado na psicoterapia. O processo terapêutico permite a desconstrução de padrões comportamentais e pode ser a chave para um trabalho de conscientização. Obviamente a presença de amigos e a convivência em grupos sociais é importante, porque pode proporcionar o surgimento de novos modelos relacionais. O apoio da família também é fundamental para evitar o isolamento e a sensação de abandono. Entendemos o ser humano como um ser relacional em que o conhecimento de si e do mundo se apoia no processo de complementariedade e de interdependência com o outro.
Estima-se que no Brasil cerca de 12% dos homens e 20% das mulheres terão algum nível de depressão em alguma fase da vida. Em geral, nos serviços de atendimento primários a incidência de depressão varia de 10% a 15% dos pacientes avaliados. O falso diagnóstico pode ocorrer quando o paciente apresenta sintomas facilmente confundíveis com depressão caso de uma tristeza profunda por uma perda importante ou estresse.
sábado, 24 de outubro de 2009
Cigarro na Gravidez e Delinqüência Juvenil
Se já não bastassem todos os malefícios físicos e psicológicos trazidos ao recém-nascido e à criança no seu desenvolvimento, temos hoje, o conhecimento, através de vários estudos científicos metodologicamente corretos, que a exposição pré-natal do feto ao tabagismo materno durante a gravidez, está associada a uma maior chance de distúrbios de comportamento e do Transtorno da Hiperatividade com Déficit Atencional ( doença iniciada na infância que tem como principais características a impulsividade, agressividade, falta de atenção e concentração e hiperatividade) na adolescência, principalmente em meninos.
Outro estudo realizado por Fergusson e colaboradores, na Nova Zelândia, com 1265 indivíduos com idade variando entre 16-18 anos, concluiu que as crianças expostas à nicotina durante a gestação tinham maior prevalência de uso de drogas, distúrbios de comportamento e depressão.
Portanto, embora estudos retrospectivos mereçam uma análise crítica mais rigorosa, a hipótese de que o tabagismo na gravidez predispõe a doenças mentais na infância e adolescência é bem razoável. A única dúvida que nos restaria seria em relação ao período de amamentação. Será que a exposição da criança à nicotina através do leite mateno não é o mais importante nesses efeitos?
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