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sábado, 25 de maio de 2013

Voce tem fome de quê?

Você já ouviu aquela conhecida música dos Titãs? Você tem sede de que? Você tem fome de que? (...) a gente não quer só comer, a gente quer comer e quer fazer amor. A gente não quer só comer, a gente quer prazer pra aliviar a dor... , realmente muitas vezes o que se esconde por trás de uma compulsão alimentar e de uma sensação de fome constante, não é apenas um alerta de que o nosso estômago está vazio.
Como diz a música, para a maioria das pessoas a comida serve para alivar a dor emocional, aplacar a carência, descontar a raiva do trânsito, dos pais, do marido, da namorada e etc. Quantas vezes você já se pegou literalmente comendo os seus problemas? Daí como consequencia, vêm o excesso de peso e a queda da auto-estima, que também nos leva a comer mais e entrar em um círculo vicioso de comida, problema, aumento de peso, queda de auto-estima, comida, excesso de peso, maior queda de auto-estima e assim por diante.
No fundo, não somos totalmente culpados por esses hábitos, pois quando pequenos nossas mães e tias (e aqui vai um alerta para quem tem filhos pequenos), resolviam todos os nossos problemas, medos, dores físicas e choros noturnos com um cházinho bem doce, uma sopinha, um mingau de aveia ou um pedacinho de bolo, e sem perceber nos estimulavam a associar a comida, o sabor doce e o ato de mastigar como solução às nossas carências, como forma de afeto e consolo.

Devido a esse condicionamento, para algumas pessoas é praticamente impossível cortar o doce da dieta ou não comer diante das adversidades da vida. Como forma de aliviar o vazio interno, algumas pessoas por mais que comam, ainda sentem o estômago com um buraco e não conseguem se saciar. Mas é importante você começar a diferenciar a fome da vontade de comer e identificar quando o vazio não é no estômago e sim nas emoções e até na alma.

Tenho consciência de que essa tarefa não é fácil, principalmente com o passar dos anos e com o gradual acúmulo de mágoas e frustrações que carregamos. No entanto, há outros hábitos e técnicas mais saudáveis de compensar a sua carência, como por exemplo caminhadas, meditação (como forma de relaxamento), boxe (imagine como você estivesse lutando com quem te magoou), corrida (para deixar os problemas para trás) e massagem (para aliviar a carência).

Portanto, da próxima vez que você sentir vontade de atacar um pudim de madrugada, ou terminar de almoçar e ainda continuar com a sensação de estômago vazio, pergunte-se: Você tem fome de que?

sábado, 11 de maio de 2013

Transtornos Mentais em Crianças e Adolescentes



 Transtornos mentais são frequentes na infância e adolescência,cerca de 12,7% entre indivíduos de 7 a 14 anos. Vários fatores estão envolvidos no surgimento como, genéticos, ambientais e sociais.


Podem contribuir para o surgimento de diversos problemas como:

Mau rendimento escolar

Problemas de comportamento

Problemas de relacionamento com pais, professores e colegas

Envolvimento em atitudes delinquentes

Uso de drogas Abandono escolar

Suicídio

Entre os principais transtornos podemos citar:

- Ansiedade patológica: desproporcional ao estímulo Ansiedade de separação Relacionada com a separação da casa ou da figura de apego principal Recusa em ir à escola, dormir ou ficar só Reações físicas (dor abdominal, náuseas, vômitos, cefaleia)

- Transtorno de Ansiedade Generalizada : Mais frequente na adolescência caracteriza-se por:

Preocupações excessivas

 Reações físicas

 Dificuldade para dormir

Fobias

Transtorno Obsessivo-Compulsivo

 Pensamentos intrusivos e repetitivos

 Comportamentos repetitivos (“manias”) 

- Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade :

 Atividade motora excessiva (inquietação; está sempre correndo)

 Fala excessivamente

Levanta-se do lugar várias vezes

Impaciente, não consegue esperar a sua vez.

Responde com precipitação

Interrompe os outros

Mesmo sentado, fica se mexendo.

Não termina as tarefas,

dificuldade para manter a atenção por tempo prolongado

 Desorganização Perde material escolar com frequência

 Esquecimentos Distração,

 Distrai-se facilmente com estímulos do ambiente 

- Transtornos Alimentares Anorexia Nervosa:

 Recusa em manter o peso em um nível igual ou acima do mínimo esperado para a idade

Medo intenso de ganhar peso ou de se tornar gordo

Autoavaliação indevidamente influenciada pela forma e peso corporais

Parada da menstruação

Podem ocorrer episódios de comer compulsivo

 Pode levar à morte 

- Transtornos Alimentares Bulimia Nervosa:

 Episódios recorrentes de comer compulsivo

 Sensação de perda de controle sobre o ato alimentar durante os episódios Comportamentos inapropriados de compensação para prevenir o ganho de peso Preocupação excessiva com o peso e a forma corporal

Baixo rendimento escolar

Tristeza,

Desesperança,

Irritação

Diminuição de interesse ou prazer nas atividades diárias

 Diminuição da capacidade de concentração

Fadiga ou perda de energia

Insônia ou aumento do sono

Baixa autoestima

Ideias de culpa

Queixas físicas (dor abdominal, cefaleia)

Ideias de morte e suicídio 

- Transtornos de Conduta:

Agressividade contra colegas, ameaças, provocações ou intimidações

Brigas  uso de armas

Crueldade com pessoas ou animais

Roubos, furtos Mentiras,

Rompimento de promessas

Destruição de propriedade, provocação de incêndios

Violação de regras em vários contextos (em casa, na escola)

Fuga de casa Permanecer fora de casa até tarde da noite

Falta às aulas sem justificativas 

- Transtorno Opositivo-Desafiador:

 Frequentemente perde a calma, discute com adultos

Desacata ou recusa-se a obedecer a solicitações ou regras

Adota comportamentos incomodativos

Responsabiliza os outros por seus erros ou mau comportamento

Irrita-se com facilidade

Rancoroso ou vingativo 

Ø  Sinais de alerta;

 Mudança da forma de se relacionar com os colegas e com os professores

Queda do rendimento escolar

Excesso de faltas

 Atitudes autodestrutivas

 Comportamento delinquente 

Ø  Sugestões aos professores:

 Não é papel do professor realizar diagnósticos de Transtornos Mentais mas ao identificar um aluno possivelmente portador de um Transtorno Mental, conversar em particular com o aluno e com os familiares.orientar o encaminhamento para avaliação psiquiátrica ou psicológica ,manter comunicação com os profissionais de saúde durante o tratamento .

Efeitos Nocivos dos Raios Solares

Geralmente é no aproximar do Verão que se torna imperativa a divulgação de alguns esclarecimentos sobre os problemas derivados de uma exposição excessiva aos raios solares.

De fato, devido à redução da camada do ozônio no nosso país ,os efeitos nocivos desta exposição têm o a aumentado.

Estes efeitos podem ser imediatos:

 queimaduras solares e insolação − e ter consequências a longo prazo

 envelhecimento precoce da pele e

 cancro da pele

No caso específico do cancro da pele (melanoma) sabe-se que é atualmente a forma de cancro que está  aumentando mais rapidamente no mundo, duplicando a sua incidência de 10 em 10 anos, o que é devido em 90% dos casos à exposição excessiva ao Sol.

Quando se fala em exposição excessiva ao Sol todos pensamos na praia, mas é importante lembrar-nos que também nas atividades no campo há possibilidade de absorver os raios solares, há frequentemente exposição excessiva.

Genericamente, os conselhos a dar para evitar os efeitos nocivos do abuso do Sol são:

1) Evitar a exposição entre as 11 e as 16 horas, mesmo em dias enevoados;

2) No primeiro dia de praia, permanecer pouco tempo ao Sol, aumentando gradualmente nos dias seguintes;

3) Aplicar sempre um protetor solar adaptado ao respectivo tipo de pele, de 3 em 3 horas e sempre que tome banho. Esta aplicação deve ser feita mesmo quando está à sombra porque a areia, a água e o cimento são superfícies que refletem mais de metade da radiação solar recebida, pelo que é possível apanhar queimaduras mesmo nestas condições.

Como já foi referido, o creme protetor deve ser adaptado ao tipo de pele. Sucintamente poderemos referir que:

1) Os indivíduos loiros, ruivos ou de pele clara, deverão utilizar um creme com índice de proteção superior a 30;

2) Os indivíduos de pele morena deverão utilizar um creme com índice de proteção superior a 15;

3) Os indivíduos de pele escura (indianos ou árabes) ou mesmo negra deverão utilizar um creme com índice de proteção superior a 8, embora só nos primeiros dias e apenas para evitar a desidratação da pele.

Apesar de tudo, não podemos deixar de referir que segundo os entendidos na matéria, os melhores protetores solares não são estes cremes modernos, mas sim o que já se usava no tempo dos nossos avós: o chapéu de aba larga e o vestuário.

Embora o Sol seja necessário para a síntese de vitamina D3, para isso bastará expormo-nos num passeio ou em brincadeiras no meio da rua.

Assim, é preciso que fique bem claro que ninguém precisa de banhos de Sol, na praia ou na montanha, e muito menos as crianças que são aquelas que correm maiores riscos. Algumas destas crianças, porque são imprudentemente expostas ao Sol, desenvolverão 20 ou 30 anos mais tarde o famigerado cancro da pele.

Por isso, os cuidados para com as crianças mais novas - especialmente as que têm menos que 12 meses - deverão ser redobrados, nomeadamente, não deverão expor-se ao Sol ou, caso se exponham, deverão usar vestuário e um creme protetor de índice superior a 15 na pele exposta, cuja aplicação deverá iniciar-se 30 minutos antes de entrar na praia e, seguidamente, todas as horas.


sábado, 4 de maio de 2013

Depressão Infantil


Novamente escrevo sobre a depressão infantil, já que tenho percebido grande incidencia de casos, acredito que quanto mais informação, melhor.
Ao contrário do que muitos pensam, criança também sofre de depressão. A depressão que sempre pareceu um mal exclusivo dos adultos , hoje em dia afeta cerca de 2% das crianças e 5% dos adolescentes do mundo.
Diagnosticar depressão é mais difícil nas crianças, pois os sintomas podem ser confundidos com malcriação, pirraça ou birra, mau humor, tristeza e agressividade. O que diferencia a depressão das tristezas do dia-a-dia é a intensidade, a persistência e as mudanças em hábitos normais das atividades da criança.
Costuma manifestar-se a partir de uma situação traumática, tais como: separação dos pais, mudança de colégio, morte de uma pessoa querida ou animal de estimação.
 Medos e aflições de abandono e rejeição.
Ao primeiro sinal de depressão, os pais devem acolher a criança e encaminhá-la a um profissional o mais rápido possível. Na maioria das vezes, o apoio da família e a psicoterapia são suficientes. Somente a partir dos 6 anos de idade, é necessário, em alguns casos, intervir com medicamentos. A depressão infantil desencadeia várias outras doenças tais como: anorexia, bulimia, etc.
Sintomas:
  • Sentimentos de desesperança.
  • Dificuldade de concentração, memória ou raciocínio.
  • Angústia.
  • Pessimismo.
  • Agressividade.
  • Falta de apetite.
  • Tronco arqueado.
  • Falta de prazer em executar atividades.
  • Isolamento.
  • Apatia.
  • Insônia ou sono excessivo que não satisfaz
  • Desatenção em tudo que tenta fazer.
  • Queixas de dores.
  • Baixa auto-estima e sentimento de inferioridade
  • Idéia de suicídio ou pensamento de tragédias ou morte.
  • Sensação freqüente de cansaço ou perda de energia
  • Sentimentos de culpa.
  • Dificuldade de se afastar da mãe.
·        A criança tem grande dificuldade para expressar que está deprimida. Primeiro, porque não sabe nomear as próprias emoções. Depende do adulto para dar o significado daquilo que se chama tristeza, ansiedade, angústia. Por isso, tende a somatizar o sofrimento e queixa-se de problemas físicos, porque é mais fácil explicar males concretos, orgânicos, do que um de caráter emocional.
·        Alguns aspectos do comportamento infantil podem revelar que a depressão está instalada. Por natureza, a criança está sempre em atividade, explorando o ambiente, querendo descobrir coisas novas.
·        Quando se sente insegura, retrai-se e o desejo de exploração do ambiente desaparece. Por isso, é preciso estar atento quando ela começa a ficar quieta, parada, com muito medo de separar-se das pessoas que lhe servem de referência, como o pai, a mãe ou o cuidador. Outro ponto importante a ser observado é a qualidade de sono que muda muito nos quadros depressivos.
·        O que se tem percebido nos últimos anos é que a depressão, na infância, caracteriza-se pela associação de vários sintomas que vão além da ansiedade de separação manifesta quando a criança começa a frequentar a escola, por exemplo, e incluem até de medo de comer e a escolha dos alimentos passa a ser seletiva.
·        Portanto, a criança pode estar dando sinais de depressão quando a ansiedade de separação persiste e ela reclama o tempo todo de dores de cabeça ou de barriga, nunca demonstrando que está bem.
Na depressão infantil, o sono começa a ser interrompido por pesadelos e o medo de ficar sozinha faz com que reclame e chore muito na hora de dormir. Não é o choro de quem quer continuar brincando. É um choro assustado, indicativo do medo que está sentindo o tempo todo. O reconhecimento da depressão na infância é relativamente recente na psiquiatria, justamente pela dificuldade que a criança tem de referir-se ao que sente. Por isso, muitas vezes, era considerada portadora de fobias específicas, tais como os transtornos comportamentais e a ansiedade de separação. Foi só há mais ou menos 20 anos, que a doença passou a ser reconhecida em crianças, uma vez sua forma de expressão é diferente da dos adultos.
Na criança, é bem fácil diferenciar a hiperatividade da depressão. Criança hiperativa não para quieta mexe-se o tempo todo, principalmente os meninos. Entretanto, existe um subtipo de hiperatividade que se caracteriza pela desatenção. A criança não é hiperativa fisicamente, mas não consegue focar a atenção, por isso se retrai e vai abandonando as atividades. Muitos a consideram desligada, mas ninguém a considera uma criança triste.
Ao contrário, criança deprimida logo demonstra que não se interessa por nada e não há brincadeira que a faça sentir-se melhor. Fica parada o tempo todo e quer sempre alguém em que confie por perto.
Perdem a iniciativa e deixam de aprender. Na escola, apresentam várias dificuldades de aprendizado e, num primeiro momento, são encaminhadas para a avaliação do oftalmologista, do otorrino, da fonoaudióloga. Passam também por testes específicos para o déficit de atenção e hiperatividade.
 No passado, o diagnóstico de depressão era feito por exclusão. Hoje se sabe que sintomas como alterações do apetite e do sono, diminuição da atividade física, medo excessivo, duradouro e persistente, são próprios da depressão infantil.
Como nos adultos, luto, perdas, separação dos pais, dificuldade de adaptação a situações novas, mudança de escola e de domicílio podem gerar estresse, que vai desgastando a criança e conduzindo a um quadro depressivo. No entanto, na maioria dos casos, existe um componente hereditário, genético, mais significativo do que nos adultos, responsável pelo desencadear quadros de depressão na criança.
A depressão que se inicia na infância, geralmente, é mais grave. Por isso, a criança deve ser tratada o mais rápido possível.
A dificuldade de aprendizado é grande. Depois, a criança vai crescer achando que a alegria estampada nas outras pessoas não foi feita para ela e conforma-se com esse referencial. Mais tarde, quando adolescente, estará mais propensa ao uso de drogas, porque irá procurar alguma coisa que alivie esse desconforto permanente.
Na infância, a ocorrência de depressão é praticamente igual nos dois sexos. A diferenciação começa na adolescência, fase em que as meninas são mais vulneráveis. Sem dúvida, a questão hormonal interfere consideravelmente nesse processo.
Na infância, o mais comum é surgir um comportamento que chamamos de parassuicida. Acidentes podem acontecer com todas as crianças, mas com a criança deprimida são frequentes, porque ela não se protege, cai da árvore, é atropelada, arrebenta-se andando de bicicleta. Mal se refez de um, está metida em outro acidente. Parece que nunca aprende a resguardar-se.
Tratamento:
Na infância, conseguimos controlar alguns casos leves e reconhecidos precocemente com psicoterapia e a orientação dos pais. Entretanto, como a depressão tem um componente genético muito forte, em certos casos, a necessidade de medicação torna-se quase compulsória.
Felizmente, a criança responde muito mais depressa aos medicamentos do que o adulto e, quanto menor for o tempo de uso da medicação, melhor. O que se faz, nesses casos, é indicar um antidepressivo numa dose a mais baixa possível até a criança começar a apresentar o comportamento esperado para a idade. Isso demora uns dois meses aproximadamente. Sedimentado esse comportamento, suspende-se o remédio, mas tanto a introdução, quanto sua retirada, são feitas aos poucos, lentamente.


Sob a forma de noites mal dormidas, insociabilidade, tristeza, alterações de humor como irritação e choro frequente, sofrimento moral e sentimento de rejeição, uma epidemia silenciosa pode se espalhar entre as crianças de todo o País, independentemente de condição social, econômica e cultural.
Provocada por fatores que vão desde a predisposição genética até a experiência de episódios traumáticos no ambiente familiar, a depressão infantil traz problemas de gente grande para a mente ainda em desenvolvimento das crianças.
Nos próximos 20 anos, a depressão deverá tornar-se a doença mais comum do mundo, atingindo mais pessoas do que o câncer e os problemas cardíacos, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Atualmente, mais de 450 milhões de pessoas são afetadas por transtornos mentais diversos, a maioria delas nos países em desenvolvimento.
Entre os pequenos, o índice de depressão também é preocupante. Nos últimos 10 anos, de acordo com a OMS, o número de diagnósticos em crianças entre 6 e 12 anos passou de 4,5 para 8%, o que representa um problema ascendente. "Setenta por cento dos adultos que apresentam quadro de depressão crônica têm histórico desde o período da infância. Ou seja, se não tratarmos o paciente enquanto criança, podemos contribuir para que ele se transforme em um adulto depressivo", conta Fábio Barbirato Nascimento da Silva, neuropsiquiatra especialista em infância e adolescência da Associação Brasileira de Psiquiatria.
O transtorno pode ser diagnosticado em crianças a partir dos 4 anos. Até os 9 anos, é indicado tratamento apenas à base de terapia. A partir dessa idade, de acordo com o quadro do paciente, pode ser recomendado o uso de medicação em paralelo ao acompanhamento psicológico. "A terapia sozinha fará um trabalho eficiente em longo prazo. No entanto, em crianças mais velhas, o uso de medicamento tem efeito bastante satisfatório quando acompanhado do trabalho psicológico, levando à resolução do problema em apenas dois meses em 95% do casos", completa.
As causas para a depressão infanto-juvenil podem ser as mais diversas. Há fatores biológicos, como vulnerabilidade genética, complicações durante a gestação ou parto, além de temperamento; fatores ambientais, como o funcionamento familiar, a interação entre mãe e criança ou eventos adversos de vida, e fatores sociais, como a pobreza, o suporte social ou o acesso a serviços de saúde.
A convivência com uma psicopatologia dos pais e a experiência de episódios traumáticos nesta idade, como separação, luto ou mudanças radicais de ambiente, também podem ser fatores decisivos para o desencadeamento de transtornos mentais em crianças e adolescentes.
Fatores de berço
De acordo com Ana Vilela Mendes, psicóloga e pesquisadora do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP, de 40 a 45% das crianças que convivem com a depressão materna apresentam indicadores diagnósticos de pelo menos um transtorno psiquiátrico.
Esta taxa é de três a quatro vezes maior do que a apresentada por crianças cujas mães não têm história psiquiátrica. "As manifestações próprias do quadro depressivo materno, como irritabilidade, desânimo e apatia, podem influenciar na qualidade do vínculo que a mãe estabelece com a criança, comprometendo a interação e o funcionamento emocional e social da criança", afirma ela.
O nível de exposição da criança à mãe com diagnóstico de depressão também pode ser definitivo para o desenvolvimento de seu quadro. Em estudo recente, Ana Vilela comparou crianças em idade escolar que conviveram com a depressão materna por toda a vida a crianças que conviveram com a depressão materna por um período menor de tempo. Ela constatou que as crianças com mais tempo de exposição à depressão materna apresentaram uma probabilidade 1,6 vezes maior de terem problemas psiquiátricos.
"Estes resultados reafirmam a importância de se considerar o tempo de exposição da criança à depressão materna e sua influência nos diferentes períodos do desenvolvimento", constata. Daí a importância da psiquiatria e da psicologia em favorecer o diagnóstico ainda no começo de sua manifestação.
Diagnóstico delicado
Por tratar-se de um transtorno mental impassível de comprovação laboratorial, o diagnóstico da depressão é baseado nos critérios estipulados pelo Manual de Estatística e Diagnóstico de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), que exige a existência de pelo menos cinco dos sintomas determinados pelo documento, com durabilidade de duas semanas, para comprovação do quadro. Entretanto, em crianças em plena fase de desenvolvimento da personalidade, a aplicação do diagnóstico pode ser mais complexa e delicada.
"Não é um diagnóstico simples de se obter, pois os sintomas podem ser confundidos com timidez, mau humor, dificuldade de aprendizagem, tristeza ou agressividade, que de certa forma podem ser normais na faixa etária em questão. O que diferencia a depressão das tristezas do dia a dia é a intensidade, a persistência e as mudanças em hábitos normais das atividades da criança", afirma Ana Vilela.
Um estudo realizado pela antropóloga Eunice Nakamura, pelo Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP), revelou que não é apenas a complexidade da mente em desenvolvimento que pode ampliar a noção dos sintomas que causam a depressão. O estudo, que entrevistou famílias de regiões periféricas da cidade de São Paulo, constatou que diversos aspectos apontados como possíveis sintomas pelos pais e pelas próprias crianças diagnosticadas ultrapassam os critérios determinados pelo Manual de Estatística e Diagnóstico de Transtornos Mentais.
"Do ponto de vista das famílias, o significado de depressão envolve tanto os aspectos da vida social quanto os sintomas indicados pelo discurso médico. A intolerância dos adultos em relação às crianças, que diante de condições de vida deliciadas ficam mais sensíveis e chorosas, e a ideia de insatisfação em geral, por exemplo, apareceram como indicação de sintomas de depressão", conta professora Eunice Nakamura, atualmente no núcleo de pesquisa antropológica da Unifesp Santos.
"Já que a ideia de depressão infantil, para estas famílias, envolve uma série de fatores externos, o grande desafio dos especialistas é pensar em tratamentos adequados ao que se avalia diante de cada ponto de vista da doença, uma vez que aspectos externos podem ser confundidos com sintomas", completa.
Transformação dos sintomas

Alteração de humor, irritabilidade, dificuldade para dormir ou muito sono durante o dia, além de pessimismo e autodepreciação, são comuns ao quadro de depressão encontrado tanto no adulto quanto no jovem. Mas em um momento em que a personalidade da criança está em pleno desenvolvimento, diagnosticar um transtorno mental é ainda mais difícil.
Segundo Fábio Barbirato, crianças em idade pré-escolar (até 5 anos) tendem a desenvolver sintomas como melancolia, enurese (xixi na cama), encoprese (eliminação de fezes involuntária) e crises de choro. Também podem ocorrer regressão no desenvolvimento psicomotor, insônia e pesadelos.
Em crianças na idade escolar (de 6 a 12 anos), os sintomas estão mais relacionados a aspectos de sociabilidade, como dificuldade acadêmica, problemas de relacionamento com a família e os colegas, irritabilidade e agressão crescentes, tédio, ganho ou perda de peso excessivo, cefaleia e dores de estômago.
Já entre os adolescentes, o transtorno passa não apenas a intensificar os sintomas encontrados na infância, como desencadeia uma série de comportamentos até mesmo fatais. "Esta fase do transtorno provoca nos jovens comportamentos anedóticos (incapacidade de sentir prazer), com quadros de tristeza intensa, condutas antissociais, ataques de pânico, queda no rendimento escolar, hipersonia (sonolência em excesso), e em casos mais extremos, promiscuidade sexual, abuso de drogas e até mesmo suicídio", afirma o médico.

Sintomas principais

O Manual de Estatística e Diagnóstico de Transtornos Mentais determina a necessidade de identificar pelo menos cinco destes sintomas, com durabilidade de duas semanas, para comprovação do quadro. Fique atenta a esses sinais para saber quando levar seu filho para uma avaliação profissional.
1. Alteração de humor, com irritabilidade e ou choro fácil
2. Ansiedade
3. Desinteresse em atividades sociais, como ir a escola, brincar com os amigos ou com brinquedos
4. Falta de atenção e queda no rendimento escolar
5. Distúrbios de sono, como dificuldade pra dormir ou ter sono o dia inteiro
6. Perda de energia física e mental
7. Reclamações por cansaço ou ficar sem energia
8. Sofrimento moral ou insatisfação consigo mesmo, sentimento de que nada do que faz está certo
9. Dores na barriga, na cabeça ou nas pernas
10. Sentimento de rejeição
11. Condutas antissociais e destrutivas
12. Distúrbios de peso, emagrecer ou engordar demais
13. Enurese e encoprese (xixi na cama e eliminação involuntária das fezes)