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sábado, 20 de novembro de 2010

O Exercício físico no tratamento da depressão em idosos

A depressão é um dos maiores problemas de saúde pública do mundo, devido à sua alta morbidade e
mortalidade. 
Nos EUA, atinge cerca de 9,5% dos adultos por ano. Sua incidência é estimada em aproximadamente 17% da população mundial
2.Algumas de suas principais características são perda de peso, sentimento de culpa, ideação suicida,
hipocondria, queixa de dores e, eventualmente, psicose.
Esses sintomas são mais acentuados em deprimidos idosos do que em deprimidos jovens e contribuem para declínio cognitivo e do condicionamento cardiorrespiratório nessa faixa etária.
Apesar de haver disponibilidade de mais de oito classes de antidepressivos, com aproximadamente 22
substâncias ativas no mercado mundial para o tratamento farmacológico da depressão, somente 30 a
35% dos pacientes depressivos respondem ao tratamento com psicofármacos. Em trabalhos bem
controlados e com delineamento duplo-cego, a resposta é definida como uma redução de 50% dos sintomas observados através de escalas de avaliação de depressão, enquanto a remissão é definida como uma melhora total. 
Para a eventual remissão, faz-se necessário, portanto, a utilização de outros métodos de
tratamento associados ao medicamentoso.
A atividade físicapode ser considerada eficaz no tratamento da depressão.Atividade física é qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resulta em
gasto energético maior do que o dos níveis de repouso.
Já o exercício é uma atividade física planejada, estruturada e repetitiva, que tem como objetivo final
ou intermediário aumentar ou manter a saúde/aptidão física. Tanto a atividade quanto o exercício podem propiciar benefícios agudos e crônicos. 
São eles:
melhora no condicionamento físico; 
diminuição da
perda de massa óssea e muscular; 
aumento da força,
coordenação e equilíbrio;
 redução da incapacidade funcional, da intensidade dos pensamentos negativos e
das doenças físicas; e promoção da melhoria do bem estar
e do humor. 
Entretanto, os efeitos da prática de atividades físicas sobre a depressão ainda são
contraditórios. Alguns estudos associam modificações nos quadros de depressão como resultantes da prática de atividades, enquanto outros relacionam a prática mais freqüente de atividades à
própria melhora na gravidade do transtorno depressivo.
Nesse contexto, o presente estudo tem como objetivo:
(I) revisar, na literatura com indivíduos idosos, o possível efeito protetor do exercício físico sobre a
incidência de depressão;
(II) a eficácia do exercício  físico como intervenção no tratamento da depressão.
Atividade física e depressão: a relação de causa e efeito.
De um modo geral, os estudos com o objetivo de observar a relação de causa e efeito entre a prática de atividade física e alterações nos níveis de depressão apontam para uma relação inversamente proporcional.
Achados recentes dão suporte a duas vertentes diferenciadas na tentativa de elucidar a relação entre
atividade física e depressão.  
Idosos que se tornaram depressivos tendem mais ao sedentarismo do que aqueles sem depressão.
Portanto, a depressão seria a causa da diminuição do estado geral de aptidão física. Apesar de envolver um grande número de sujeitos, o desenho dos estudos permite que se afirme que há associação entre diminuição de exercício físico e depressão.
Sedentarismo, a desistência da prática de atividades e a insatisfação com a atividade física praticada também podem estar relacionadas com níveis altos de depressão. Por ser um estudo de corte transversal, não é possível determinar se a substituição da atividade exercida é uma causa ou uma conseqüência da redução da depressão.
 Váriosestudos comprovaram que a depressão pode prejudicara capacidade funcional nas atividades de rotina (tomarbanho, comer, vestir-se) e na mobilidade (caminhar metade de uma milha ou subir e descer degraus sem ajuda). 
A falta de independência no desempenho dessas atividades pode estar associada com dores físicas
crônicas, inatividade física e medo de quedas.
Rotinas de exercício que incluíram alongamento, equilíbrio, caminhada, força e coordenação mostraram ser eficientes na redução dos níveis de depressão para idosos com recente histórico de quedas.
Exercício físico como intervenção terapêutica na depressão:
Alguns estudos utilizaram o exercício como intervenção terapêutica na depressão e propõem que
seus resultados podem ser devidos a fatores psicológicos e/ou fisiológicos. 
Para testar os fatores fisiológicos,dois estudos, compararam as alterações nos níveis de depressão de idosos randomizados em três grupos:
exercício, medicamento e combinados (medicamento
e exercício).
 O grupo exercício foi monitorado quanto à intensidade e freqüência do treinamento. A redução
da depressão ocorreu nos três grupos, sem diferença
significativa entre eles. 
Após 6 meses, foi realizada uma nova análise  da mesma amostra, sem randomização, concluindo que, quanto maior for o tempo gasto com exercícios, menores serão os níveis de depressão. Além
disso, o grupo exercício apresentou maior recuperação e menor recaída do que os outros observados.  Combinar medicamento com exercício pode gerar resultados diferentes dos encontrados apenas com
o treinamento, por não garantir o sentimento de autoconfiança nos indivíduos, que atribuem as melhoras ao efeito do medicamento.
Pesquisas relacionaram a diminuição da depressão, após 10 meses de exercício físico, com
alterações no sistema imunológico.
 Uma possível explicação para esses resultados seria a liberação de hormônios como epinefrina, norepinefrina, somatotrofina, â-endorfina e cortisol, que atingem receptores específicos situados nos linfócitos e macrófagos, promovendo um aumento na concentração dessas células.
Para observar os efeitos psicológicos, muitos estudos compararam intervenções psicológicas e
sociais, como visita de terapeutas, trabalhos em grupos ou palestras com o exercício.
Imediatamente após 3 meses de exercício em idosos reabilitados de infarto agudo de miocárdio. O mesmo resultado não foi encontrado naqueles que receberam intervenções psicológicas com visitas de terapeutas. 
Os grupos foram reavaliados 6 meses após e, mesmo sem nenhum tipo de intervenção nesse período, reduziram significativamente os níveis de depressão. Entretanto, nessa fase, não houve controle quanto ao uso de medicamentos.
Já pesquisas analisaram dois tipos de sintomatologias (sintomas psicológicos: sentimentos de inutilidade,perda de interesse em atividades usuais e distúrbios de humor; e sintomas somáticos: perda do apetite, fadiga e distúrbio do sono) em idosos que fizeram exercício ou receberam visitas de psicólogos. 
Ambos reduziram os dois tipos de sintomas, mas somente o grupo exercício reduziu significativamente os sintomas somáticos.
A relação entre o papel do exercício e da atividade física no tratamento da depressão se direciona para duas vertentes: a depressão promove redução da prática de atividades físicas; a atividade física pode ser um coadjuvante na prevenção e no tratamento da depressão.
Tendo em vista os benefícios físicos epsicológicos provenientes da atividade física em gerale do exercício em especial, pode-se concluir que a sua prática por indivíduos idosos depressivos sem
comorbidades é capaz de promover a prevenção e a redução dos sintomas depressivos.

Fonte:
Revista de Psiquiatria 2007

sábado, 13 de novembro de 2010

Diferenças entre Doença de Alzheimer e Esquizofrenia no Idoso

Com a chegada da terceira idade, a pessoa se depara com um ambiente psicossocial que favorece o aparecimento de algumas patologias, dentre elas esquizofrenia e doença de Azheimer, são eles:
- Aposentadoria
- Falecimento do parceiro (a)
- Menor convívio social
- Limitações Físicas
- Problemas médicos gerais
- Proximidade do fim da vida
Em geral os idosos tem maior dificuldade em descrever seu estado de humor e afeto, a negação ou contenção do afeto são frequentes.
Observa-se que incontinência e labilidade afetiva podem indicar doença cerebrovascular, demência vascular ou outro tipo de dano cerebral.
A linguagem se mantém preservada, mas as habilidades de argumentação verbal diminuem sutilmente.Mutismo,latência excessiva para respostas, anomia, agramatismo e erros parafásicos são alterações importantes para o diagnóstico.
Deficits visuais e auditivos podem provocar alucinações.
Alterações em pacientes com transtornos mentais orgânicos:
- Alucinações
- Agnosia Visual
- Prosopagnosia (Faces Familiares)
- Astereognosia (Objetos pelo Toque)
- Autotopagnosia (partes de seu próprio corpo)
- Micropcia e Macropcia

Alterações na Cognição:
- Atenção
- Habilidades Visuoperceptuais e Visuoconstrutivas
- Aprendizado e Memória
- Velocidade de Processamento
- Funções Executivas

Alterações na Atenção:
- Concentração e vigilância tendem a ser afetadas com o envelhecimento
- Tarefas de atenção complexas como "atenção dividida" declinam de forma significativa: dirigir(controle do carro, sinais de trânsito,outros veículos, conversa com passageiros), cozinhar.

Habilidades Visuoperceptivas e Visuoconstrutivas:
- Determinar a posição,a orientação e a direção de estímulos no espaço,
- Imaginar a configuração espacial de estímulos parcialmente visíveis,
- Adultos e idosos têm performace igual em testes de reconhecimento de objetos simples,
- Idosos têm dificuldade maior em testes de "visual closure" e orientação espacial,
- Adultos e idosos têm performace semelhante em cópias de desenhos em duas dimensões,
- Têm dificuldade maior quando representam três dimensões e quando estratégia e planejamento são necessários,
- A dificuldade do idoso aumenta consideravelmente quando a tarefa é com tempo limitado.

Aprendizado e Memória: A memória é um complexo grupo de funções e sistemas, e o envelhecimento afeta alguns componentes mais do que outros.
- Memória de Curto Prazo: Dificuldade maior para palavras que para dígitos,
- Recordação espontânea fica mais prejudicada que a memória de reconhecimento,
- Maior dificuldade com a memória operacional,
- A memória semântica têm apenas pouco declínio com a idade,
- Memória implícita também não declina de maneira significativa,
- Memória epsódica diminui significativamente.

Velocidade de Processamento:
- Declina bastante com a idade
- Essa diminuição pode explicar muitos dos efeitos cognitivos relacionados com a idade.

Funções Executivas:
- Habilidades cognitivas envolvidas no raciocínio abstrato, resolução de problemas, planejamento, inibição de resposta e memória operacional,declinam com o avanço da idade, este se dá devido a possível dano subcortical.

*Psicose da Doença de Alzheimer:
- Alucinações visuais
- Falsos reconhecimentos
- Remissão Frequente
- Remissão com doses baixas de antipsicóticos

* Esquizofrênia no Idoso:
- Alucinações Auditivas
- Delírios Bizarros
- Tentativas de Suícidio
- História Pregressa de surtos psicóticos

* Sintomas Psiquiátricos entre demências:

- Alzheimer:
+ Delírios 23%
+ Alucinações 13%
+ Agitação 23%

- Vascular:
+ Delírios 8%
+ Alucinações 13%
+ Agitação 33%

* Nos delírios acreditam que:

- Azeheimer:
+ Está em perigo: 6,4%
+ Pessoas o estão roubando: 12,4%
+ O companheiro está tendo um caso: 2%
+ A família tem planos de abandoná-lo: 4%
+ Um estranho está morando em sua casa: 4,4%
+ Pessoas não são quem ele(a) chama: 1,5%
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- Vascular:
+ Está em perigo:0%
+ Pessoas o estão roubando:6,8%
+ O companheiro está tendo um caso:0%
+ A família tem planos de abandoná-lo:1,6%
+ Um estranho está morando em sua casa:4,7%
+ Pessoas não são quem ele(a) chama:5%

-Delirium:
+ Início Agudo
+ Curso Flutuante
+ Alteração do nível de consciência
+ Vigilância Prejudicada
+ Pensamento Desorganizado
+ Alterações Perceptivas Frequentes

- Demência:
+ Início Insidioso
+ Curso estável ou progressivo
+ Nível de consciência normal
+ Vigilância tende a normalidade
+ Pensamento empobrecido
+ Alterações perceptivas menos frequentes

- Depressão:
+ Retraimento Social
+ Idéias de desvalia e desesperança presentes
+ Humor deprimido
+ Dificuldades são hiper valorizadas
+ Resiste a engajar-se em atividades
+ Respostas " não sei" são frequentes
+ Perda proporcional para memória recente e remota
+ Atenção e concentração alteradas
+ Lentificação Psicomotora
+ Despertar precoce e falta de apetite

- Demência:
+ Interação social mantida
+ Idéias de desvalia e desesperança ausentes
+ Humor variável
+ Dificuldades são minimizadas ou racionalizadas
+ Perda maior da memória recente
+ Atenção e concentração relativamente conservadas
+ Padrão de sono variável

sábado, 6 de novembro de 2010

Redução Danos - Breve conceito

Existem três estratégias para o enfrentamento e controle da problemática das drogas:

1- Redução da Oferta: Desenvolvimento de ações de erradicação de plantações,destruição de príncipios ativos; repressão a produção, refino e ao tráfico de drogas; combate a lavagem de dinheiro e de fiscalização e controle da produção, da comercialização e do uso de drogas.
2- Redução da Demanda: Desenvolvimento de ações para desestimular o consumo em especial a iniciação, e para tratar os usuários e dependentes.
3-Redução de Danos: Orienta a execução das ações para a prevenção das consequências danosas à saúde decorrentes do uso de drogas, sem necessariamente interferir na oferta e no consumo.
A redução de danos iniciou-se na Inglaterra, em 1926 com o Relatório Rolleston que estabelecia o príncipio segundo o qual o médico poderia prescrever legalmente opiáceos para os dependentes dessas drogas, entendendo esse ato médico como tratamento e não como "gratificação da adição".
Nos anos 80,ações baseadas nesses príncipios foram sistematizadas em formas de programas.O primeiro surgiu na Holanda, por iniciativa de uma associação de usuários de drogas preocupada com a disseminação de Hepatites entre usuários de drogas injetáveis.
A medida que começaram a ser documentadas em várias partes do mundo elevadas prevalências de infecção pelo HIV entre usuários, a estratégia de redução de danos ganhou força, mostrando-se uma importante aliada no controle desta infecção.
A redução de danos evolui e incorpora a troca de seringas como uma de suas ações fundamentais, visando dar conta da difusão de casos de hepatite B entre usuários de drogas injetáveis em alguns países da Europa.
Entretanto foi com o surgimento da AIDS que o movimento de redução de danos, passa a ter maior visibilidade no cenário mundial.
No Brasil, a primeira tentativa de fazer troca de seringas entre os usuários de drogas injetáveis aconteceu na cidade de Santos, em 1989, mas a iniciativa foi frustrada por uma decisão judicial.
O primeiro projeto de Redução de Danos a trocar seringas no Brasil surgiu em março de 1995, em Salvador - BA, e a primeira lei estadual a legalizar a troca de seringas, foi sancionada no estado de São Paulo, em 1998.

* Movimentos e marcos legais:

- Constituição Federal 1988
- Lei Orgânica da Saúde 8080/90
- Movimento da Reforma Psiquiátrica
- Lei 10.216/01
- Portaria 336/02
- Portaria 189/02
- Manual CAPS - MS 2004
- Politica Nacional de Atenção aos Usuários de Álcool e outras Drogas - MS 2004
- Lei 11.343/06