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sexta-feira, 24 de julho de 2015

Adultização da Infância



O uso de desodorantes, maquiagem e perfumes por crianças voltou a ser tema de polêmica após a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) abrir consulta pública para definir regras para a venda dos produtos.
Pais e especialistas se dividem sobre a medida. De um lado, a consulta vai permitir a definição de regras claras e específicas para o público infantil, como fórmulas de produtos ou explicações de rótulos para evitar acidentes.
De outro, pode incentivar ainda mais os pequenos a usar produtos de adultos.
No meio dessa polêmica estão os fabricantes que estão de olho no mercado.
A maquiagem precoce pode trazer alergias. Outro perigo: maquiagem de bonecas não podem ser usadas por crianças.Quanto mais tarde começar a usar, melhor.
A maquiagem tem conotação de sedução, portanto, estaríamos sexualizando precocemente a criança.
Pipocam no comércio artigos à venda para o público infantil que até então somente os adultos consumiam, tais como: sapatos de salto alto, maquiagem, escova progressiva nos cabelos, esmaltes, vale-silicone e até mesmo sutiãs com enchimento.
Vestir uma criança e produzi-la como adulto é deslocá-la da fase em que ela deveria estar e jogá-la no universo adulto. Munir uma criança de sexualidade é dar-lhe uma arma carregada que ela não saberá usar, até porque passa longe da criança o sentido erótico por trás do que ela veste ou usa. Sua maturidade psicológica certamente não acompanhará seu comportamento e sua aparência adultizados. Tal fato pode causar transtornos ansiosos e pânico, que podem culminar em depressão. Ou, então, podem repercutir na adolescência, através de comportamentos agressivos e antissociais, ou o contrário, gerando adolescentes inseguros e  infantilizados, podendo culminar no  uso de drogas. Pulando “fases”, a criança não amadurece psiquicamente o suficiente para lidar com as transformações  que virão até alcançar a fase adulta.
- Quem são os responsáveis:
  • As mídias, de modo geral. Em se tratando de poder, as mídias são, atualmente, fortes instrumentos de influência e manipulação na educação, e de construção desses novos seres “adultizados”. No Brasil, as músicas que as crianças cantam não são mais tão infantis. As maquiagens, roupas e calçados copiam o adulto como se os gostos fossem os mesmos. As danças sensuais e canções com palavras obscenas já fazem parte do repertório preferido dos pequenos. Meninas usam roupas e objetos que estimulam a sexualidade precoce, assistem aos mesmos programas de televisão e falam a mesma linguagem dos adultos. Garotinhas usam salto alto e meninos de apenas cinco anos de idade já querem se vestir como adultos e não aceitam usar roupas que possuam qualquer desenho infantil que os faça parecer crianças;
  • Interesse econômico. O fato inegável é que há um interesse econômico por trás dessa realidade. Uma intenção que possui um objetivo: educar as crianças a serem consumidores em potencial. Educar para o consumo e para a submissão de ideias. Produzir consumidores mirins que satisfarão cada vez mais os desejos desse sistema que insiste em condicionar o verdadeiro sentido da infância ao status, ao dinheiro e à mecanização. As crianças estão sendo pressionadas a crescerem depressa, quando na verdade deveriam respeitar seu processo de desenvolvimento, pois não pensam, não sentem, nem aprendem como os adultos. Elas precisam de tempo para crescer e pressioná-las a viver como adultas só produzirá seres com dificuldades, inseguranças e conflitos no futuro;
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  • A internet, os jogos online e os eletrônicos. Os jogos infantis também mudaram. Isso é uma realidade. A diversão agora são os jogos e filmes repletos de violência. A tecnologia deveria ser utilizada a favor da infância, com produções que valorizassem e respeitassem o conceito do infantil. Os brinquedos já vêm prontos. Tudo é industrializado, só é preciso manusear. Campeonatos infantis são uma atração, já que as crianças devem apresentar  ótimos resultados de placar. E quanto à alimentação não há mais distinção entre o lanche do adulto e o da criança, todos devem saborear os deliciosos "hambúrgueres" em qualquer tempo. Sem falar da literatura infantil, que também está mudando. Até as ruas, que antigamente eram lugar de socialização, hoje refletem a falta de relacionamento e interação entre pessoas;
  • ​Ambiente familiar.​ As famílias devem saber oferecer às crianças as “molduras” necessárias à sua proteção contra essa massificação. Mas, ao contrário, os pais estão imputando às crianças decisões que deveriam ser de adultos. Isso está acontecendo muitas vezes por um despreparo das famílias para lidar com essa nova realidade. Os “limites” foram afrouxados e as crianças hoje, em grande parte, são quem ditam as regras em casa. Na minha opinião, as regras e os valores sociais estão em crise na sociedade moderna.

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