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sexta-feira, 21 de março de 2008

Diversidade Sexual - Por que isso me incomoda?


Em decorrência do fato de nascermos com genitais de um e de outro sexo, desencadeia-se um mecanismo de enquadramento social que concebe e regula a sexualidade, o embate permanente entre a vida psíquica e as interações com o meio externo, produz nossa IDENTIDADE.
Entendemos como identidade de gênero a maneira como alguém se sente e apresenta para si e para os demais como homem ou mulher ou em alguns casos, como uma mescla de ambos, sem que haja uma conexão direta e obrigatória com o sexo biológico.
Gênero e sexualidade são dois aspectos - intimamente interconectados - de um processo mais amplo que permite o controle social e a manutenção da ordem. Os papéis de gênero masculino e feminino preconizam que os meninos sejam assertivos, competitivos, que se projetem para o meio exterior, e ainda, agressivos para ocuparem seu espaço e dominadores que não se deixam dominar.Pra as meninas , a expectativa é oposta: que sejam dóceis, recatadas, que se preocupem e cuidem dos demais e, principalmente, que estejam sempre prontas para ouvir e obedecer. O resultado dessa visão estreita será classificar como desviante da "norma natural" tudo o que está fora da hierarquização imposta. A identidade de gênero resume-se a "como eu me sinto", não depende do sexo biológico e forma-se a partir de comportamentos socialmente constituídos para o masculino e o feminino.
Ao longo de nossas vidas aprendemos que as relações afetivas e sexuais são "normais" se ocorrerem entre pessoas de sexos opostos; coerções de todos os tipos: culturais, sociais, físicas, históricas, financeiras nos levam a "controlar" nossos desejos. Normalmente valorizamos comportamentos que sejam iguais aos da maioria e condenamos os comportamentos singulares, muitas vezes, simplesmente por preconceito.
O que devemos entender é que o indivíduo se constitui a partir da intersecção entre os aspectos biológicos, psicológicos e sociais, o problema é que a forma de organização de nossa sociedade é heteronormativa, ou seja, considera como normal apenas as relações entre pessoas de sexos opostos , excluindo daí parcelas significativas de pessoas que amam de forma diferente. É comum, nesse caso, o surgimento de relações de poder, no qual se tenta dominar e subjulgar esse " outro", que foge das regras " naturais' , que foram eleitas como as " certas".
Quando refletimos sobre nossa sexualidade, devemos pensar em "sexualidades",uma vez que existem várias possibilidades para abordá-la e vivê-la. Quando se considera a diferença de forma tranquila, existe a tendência a acolher ou incluir os que são diferentes apesar da diferença. Isso quer dizer que, para aceitar o outro, a diferença deve ser apagada, esquecida. É comum por exemplo,ouvir que se gosta de um rapaz "apesar dele ser gay".
O estudo da sexualidade demonstra que ao redor dos nossos corpos estão os modos como percebemos, sentimos, definimos, entendemos e, acima de tudo, praticamos o sexo, isso significa que a sexualidade humana vai muito além dos fatores meramente fisiológicos, pois é transpassada por concepções, valores e regras que determinam, em cada sociedade, em cada grupo social e em cada momento da história aquilo que é tido com certo ou errado, apropriado ou impróprio, digno ou indecente.
A homossexualidade foi praticada pelos mais variados povos do passado, sendo geralmente tolerada ou mesmo admirada, mas nunca atacada ou condenada como ocorreria na era judeu-cristã.
As relações homossexuais aconteciam não só entre humanos, mas entre várias espécies de animais, o primeiro chegou a defender a existência de relações homossexuais também em plantas, numa tentativa de tornar o discurso amoral.
Práticas homossexuais eram comuns nas Culturas Primitivas, como por exemplo: tribo Mohave, tribo Ubagi, povo Chouktchi; na Ásia Menor: faraós e rapazes jovens; Grécia e Roma:pederastia militar,também entre filósofos e pensadores como por exemplo:Platão, Aristóteles, Sócrates, Aristófanes, e Alexandre o Grande; no Oriente: com o livro religioso Kama Sutra que descreve variadas maneiras de se obter prazer através do sexo, para conseguir com isso benefícios morais.
Personalidades reconhecidas no Renascimento passaram reverter o quadro de intolerância que marcou a Idade Média, aderindo aos seus impulsos homossexuais: Leonardo da Vinci com Jacopo Saltarelli em 1476, Michelangelo ( falecido em 1564) com Tomaso del Cavalieri, e o pintor Giovanantonio Bazzi (1477 -1549). Shakespeare defendia a homossexualidade em verso. O rei Sol na França também não evitou a companhia de rapazes.
No século XVIII ao XX, a literatura trouxe identidade a ambiguidade homossexual, a Assembléia Constituinte francesa de 1791, não condenou homossexuais penalmente, o que não fez o Direito Alemão que não apenas condenava a sodomia, como a equiparava a zooerastia( sexo com animais), com pena de seis meses a quatro anos de prisão, o que se intensificou com o regime nazista.
Nos anos 50 a discrição e o enrustimento deveriam ser mantidos, havendo cassação de políticos gays nos EUA. Tanta repressão eclodiu nos anos 60, na revolução sexual trazendo extrema libertinagem sexual.
Nos anos 70 começava a surgir o movimento homossexual organizado, com instrumentos de mídia e defensores públicos, começava a surgir a separação entre intimidade e sexo, surgiu o Jornal Lampião, o primeiro periódico gay não pornográfico brasileiro, a igualdade social passou a ser o objetivo não apenas do Movimento Homossexual Brasileiro, como de tantas outras organizações engajadas pela busca de aceitação e respeito.
A mídia percebeu que o dinheiro não tem cor, credo, sexo ou tendência política, e passou a investir no lema " Todos são iguais perante a caixa registradora", havendo hoje vários espaços exclusivos para o público gay. 
O contrário também aconteceu, manifestações preconceituosas, tais como "Olha a cabeleira do Zezé será que ele é?", "Maria Sapatão, de dia é Maria, de noite é João", jargões muito usados no programa do Chacrinha, taxou com preconceito a homossexualidade.
A década de 80 foi refratária ao "boom gay" da sua precedente devido ao surgimento da AIDS que se multiplicava devido a alta rotatividade de parceiros e à falta de costume do uso de preservativos, tendo início movimentos de apoio e prevenção ao HIV .
Previsto como crime contra os costumes, o art.235 do Código Penal Militar (CPM) brasileiro traz a prática do homossexualismo, ocorrendo em local sob a administração militar. O Superior Tribunal Militar recentemente manifestou a intenção de não mais ver arrolado o crime de prática homossexual do art.234 no CPM, embora nada ainda fez. Sendo adotada a prática do finja que não és, finjo que não sei.
Segundo a pesquisa do Data - Folha, de todas as minorias sociais, as mais odiadas são os homossexuais, desde 1980, foram registrados mais de 1.400 homicídios de homossexuais, a grande maioria masculino, no Rio Grande do Sul somavam-se 114 assassinatos em 1997.
Comandos caça viado(sic) e lésbicas germinam por todo o Brasil; sites na internet ensinando como matar gays; homossexuais são internados pela família, gays são auto-excluídos à doação de sangue, embora a pesquisa do Data - Folha registre tal grupo como o mais bem informado e protegido contra as DSTs.
Bater em homossexuais, é a terceira violência mais grave, algumas pesquisas revelam que muitos professores consideram a homossexualidade como inadmissível, crimes contra homossexuais se concentram no que foi classificado como "Crimes de Ódio" (Crimes de ódio envolvem práticas que vão desde a discriminação em estabelecimentos comerciais, na escola ou no trabalho, até agressões físicas de menor ou maior gravidade, em que são numerosos esses homicídios).
 O Grupo Gay da Bahia (GGB) é uma das Organizações Não Governamentais mais ativas na luta pelos reconhecimento dos Direitos Humanos dos homossexuais , denunciando casos de violência e discriminação contra homossexuais.
Freud não classificava os gênios renascentistas homossexuais, como figuras degeneradas, preferia determinar as causas do desvio como consequência de dificuldades emocionais no desenvolvimento infantil, sua maior contribuição foi a constatação em seus " Três Ensaios sobre a Sexualidade'', de que a perversão - no sentido não de desmoralização , mas de prática diferente à cópula ligada a reprodução - é universal, isto é , que práticas perversas servem de preliminares para os heterossexuais.
Das três orientações sexuais possíveis, a hetero , a homo e a bissexual, possivelmente a última é a mais incompreendida, Freud chamou atenção para o fato de que os seres humanos nascem abertos para se interessarem por ambos os sexos,potencialmente somos todos bissexuais, pois carregamos a possibilidade de nos sentirmos atraídos pelos dois sexos.
A identidade de gênero é sentir-se homem ou mulher e o modo de expressá-lo socialmente não se confunde com a orientação sexual ( a atração afetiva e erótica pelo outro sexo, pelo mesmo sexo ou por ambos).
Em 1985, o Conselho Federal de Medicina (do Brasil), antecipando-se oito anos à OMS
(Organização Mundial da Saúde), tornou sem efeito o código 302 da Classificação Internacional de Doenças, não mais considerando a homossexualidade como desvio ou transtorno sexual, que por fim, aconteceria com a CID - X (Código Internacional de Doenças),isto é, sua décima edição, abolindo também o radical "ismo" (homossexualismo) , referência de menosprezo e doença.
Falar claramente sobre a sexualidade e a diversidade sexual contribui para que os jovens conheçam melhor seus próprios desejos, condição fundamental para que entendam e respeitem o desejo dos outros, a homossexualidade é uma orientação espontânea do desejo sexual, a aparência ou o jeito de ser, não determina se uma pessoa seja gay ou lésbica, o troca-troca tão comum na infância, não é indício de homossexualidade, trata-se de curiosidade, de vivência da sexualidade, de descoberta do corpo e de formas de prazer, como também a atitude de um pai ou de uma mãe não torna o filho gay ou uma filha lésbica.
O educador também nunca deve falar sobre a orientação sexual de um aluno(a) sem o consentimento expresso dele/a, pois para alunos homossexuais, a escola é quase sempre um ambiente hostil, pois são apontados de maneira negativa por conta de sua orientação sexual, também sendo vítima de muita violência por parte de outros alunos.
  • Diferenças de nomenclatura:
Heterossexual: Indivíduo cuja identidade sexual é definida pelos órgãos com os quais nasce, e coincide com a identidade de gênero, de forma a orientar a escolha do parceiro de sexo oposto.

Homossexual:Tem sua identidade sexual também coincidente com seus órgãos genitais, embora escolha o parceiro que se oriente pelo mesmo sexo.

Bissexual: Traz sua identidade sexual de acordo com seu gênero, mas alterna parceiros do mesmo sexo ou de sexo diferente.

Travestis:Embora tenham uma identidade sexual biológica, divergem quanto à identidade de gênero que se inclina ao sexo oposto.

Transexual:Traz a identidade de sexo biológico alterada, não aceitando seus genitais.

Transformistas: Homens que se vestem sde mulher para fazer shows e não são necessariamente homossexuais.

Buchs: Mulheres lésbicas que se vestem e se comportam de maneira bastante masculinizada.

Cross - dressers: homens que gostam de se vestir com peças deroupas femininas, mas não são necessariamente homossexuais.

Drag Queen: Personagem construída com o uso exacerbado de elementos do sexo oposto, são mais bem aceitas pela mídia.

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul reconheceu como união estável um romance à distância vivido por um jovem brasileiro e um advogado americano milionário, já aposentado. Apesar de ser casado com uma mulher nos Estados Unidos, o americano manteve o relacionamento homossexual por quatro anos, entre vindas ao Brasil e viagens ao exterior. Com o fim do namoro, o brasileiro ganhou o direito de receber metade de um robusto patrimônio adquirido no Brasil, durante o romance, pelo americano.
O juiz da 2ª Vara Federal Previdenciária de Porto Alegre, concedeu liminar, determinando que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) conceda pensão por morte a companheira de uma falecida, que era beneficiária de aposentadoria por idade. Ao ingressar com o pedido, a autora alegou que sua companheira faleceu em 22-05-2003 e que, embora tivesse acostado inúmeros documentos comprobatórios de união estável de longa data com a mesma, o INSS não a havia considerado dependente da falecida, negando-lhe o benefício pleiteado sob a alegação de não comprovação de tal qualidade, sobretudo por se tratar de união entre pessoas do mesmo sexo. Em sua decisão, o magistrado entendeu que as provas apresentadas foram suficientementes forte para embasar a concessão de liminar.
Espero que esse breve esboço possa trazer reflexões sobre como encaramos o outro na nossa sociedade, e como lidamos com as diferenças tão presentes em nosso cotidiano, mas mascaradas pelo preconceito e negação.

8 comentários:

Tine Araujo disse...

Olá!!! Respondendo ao seu pedido de troca de links, inclui você nos meus 2 blogs:

Este ou Aquele?
http://estatisticaesteouaquele.blogspot.com

e

Eu, Eu Mesma e Tine
http://tinearaujo.blogspot.com

Obrigada pela visita e parabéns ao seu blog gostei muito!!!

Laércio Castro disse...

Parabéns pelos assuntos no Blog. Quanto a troca de links, vou indicá-la no meu.

Abraço e muito sucesso.
http://detudoenquanto.blogspot.com

Thay disse...

Olá Silvinha!
que tipo de parceria vc está pensando...?

http://nunkalandia.blogspot.com/

me add no msn para conversarmos sobre isso: thaypontes@hotmail.com

beijinhos

Anônimo disse...

Amiga Silvia R.

A diferença entre os sexos estão somente nos genitas como você citou.

Cada pessoa irá desenvolver a sua personalidade independente do sexo.

Hoje eu vejo mulheres que não se deixam dominar. Mulheres de personalidades fortes e marcantes.

Também vejo um erro na educaão dentro da nossa casa (família).

Um pai sempre orgulhoso com o filho que é um 'garanhão'. Se baba todo por atitudes erróneas. Erra o pai e o filho e não respeitar as filhas de outra família.

Porem muitas vezes o destinho volta-se contra esse ensinamento. Não adianta você ser enérgico com a filha. Sempre terá um que não irá respeitar a sua filha assim como você apoiou os erro do seu proprio filho.

Estou cansado de ver esses tipos de pais diante da situação de ver a filha gravida e fazer o maior pampeiro.

Por que ficar nervoso e bravo? Não foi esse ensinamento dado ao filho. Pode ser que o pai da namorado também deu o mesmo ensinamento ao filho.

O correto é pedir e ensinar os filhos a respeitarem sempre as filhas das outras familias assim como desejamos que outras familias respeitem a nossa filha.

As palavras abaixo fiz em homenagem a uma moça que mora aqui em Tupã.

Conquistei o sucesso com muita luta, principalmente sem medo.
Portanto não me mostre a sua força física, ou o quanto você sabe gritar.
O meu silêncio sempre estará acima de suas forças, e você ficara sem ação.
Existem momentos em que o silêncio é a sabedoria Maior. (japinha)

Abraços
Sergio, japinha

Anônimo disse...

Silvia, muito bacana o teu blog!

Assuntos importantes e bem tratados por uma profissional!

Boa Páscoa!

Mirian

Anônimo disse...

Maria Luiza:
Entrei no seu blog, ele está d+. Muito bom menina, tem muitos artigos interessantes. Parabens!!!!!!
Boa Páscoa!!!

Anônimo disse...

Minha irmã. os preconceitos de qualquer tipo ou contra qualquer pessoa não são difíceis de serem aceitos, simplesmente, são todos inaceitáveis. Um abraço , Nery Fernandes

Anônimo disse...

Olá Drª Silvia, desejo que esteja bem! Parabéns pelo texto, acredito que ele ajude a algumas pessoas a compreenderem que respeito às diferenças é condição sine qua non para se viver num mundo melhor. Homofobia é crime, lembremos disso! Abraço fraterno.
Raimundo Holanda